O cobrador Antônio da Conceição Ferreira descobriu nos livros uma oportunidade de entreter passageiros que enfrentam até 90 minutos dentro dos ônibus diariamente para estudar ou ir ao trabalho. O caixa dos coletivos virou estante para clássicos como os de Clarice Lispector e Castro Alves, que passaram a ser cedidos por até três dias. Ele conta que se inspirou depois de ver a própria vida mudar ao ler “Capitães da areia”, de Jorge Amado.
“A falta de estudo e o desejo de comprar alguns produtos faz com que a pessoa cometa prática errada. Mas eu nunca fiz isso, porque sempre acreditei na cultura e educação como a melhor arma para mudar de vida. E ler aquele livro me sensibilizou”, conta. “Na época da escola, eu às vezes passava uma semana indo ao colégio somente com uma calça, e aquilo me transmitia vergonha, timidez, porque eu via meus colegas com calça melhor. Às vezes eu passava um mês trabalhando roçando arame só para ter uma calça.”